Uma mulher estava encurralada no 80º andar de um prédio em chamas. Ela tinha claustrofobia e pavor de altura. Quando o alarme de incêndio disparou, ela se recusou a acompanhar os colegas pela saída de emergência.
Investigando o edifício, os bombeiros a encontraram agachada debaixo de sua mesa esperando a morte. Enquanto insistiam que ela descesse a escada, ela gritava: “Estou com medo. Estou com medo!” Por fim um dos bombeiros disse: “Não tem problema. Desça com medo mesmo.” E repetiu isso nos 80 lances de escada até ela chegar em segurança ao andar térreo. Todos já enfrentamos momentos na vida quando sabemos o que precisa ser feito, mas o medo nos trava. Para podermos enfrentar isso devemos cultivar o hábito de agir apesar do medo. Não tem problema sentir medo, simplesmente faça o que tem que fazer apesar do medo. Um novo desafio pode nos deixar pouco à vontade e até com medo, mas o enfrentamento dos temores e a persistência inevitavelmente tornarão a tarefa mais fácil e nos tornaremos mais capazes. E isso é vencer os temores! Cortesia da revista Contato. Usado com permissão. Foto por Vexels.com
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Por Elsa Sichrovsky
Meu irmão e eu fomos nadar. Aos nove anos, minhas habilidades na piscina se limitavam ao nado cachorrinho e a boiar de costas. Ele era um excelente nadador, motivo pelo qual meus pais confiavam que cuidaria de mim, a mais nova, na água. Naquele dia, contudo, eu estava muito incomodada com isso, por causa de uma discussão que tivemos sobre não me lembro o quê. Por isso, determinada a demonstrar minha independência e autonomia, decidi atravessar a piscina sozinha. Pulei no lado raso e comecei a deslizar de costas sobre a superfície da água em direção à parte mais profunda. Depois de um tempo, ocorreu-me que eu poderia estar a centímetros do fim da piscina e, com medo de bater com a cabeça na borda, virei-me. Foi quando descobri que eu havia percorrido apenas três quartos do comprimento da piscina e que não dava mais pé para mim. Tomada pelo pânico, comecei a me debater descontroladamente, o que só serviu para fazer entrar mais água pelo meu nariz e boca. Eu lutava para respirar e não afundar quando dois braços me tomaram pela cintura, ergueram minha cabeça acima da superfície e me levaram para a borda, que até então me parecia inatingível. “Você está bem?” — meu irmão perguntou. Tentei dizer qualquer coisa enquanto cuspia água, envergonhada e pronta para levar uma bronca. Entretanto, em vez disso, ele calmamente esperou que eu me recuperasse e me levou para casa. Meu irmão e eu não éramos lá muito próximos. Brigávamos por causa de qualquer besteira, como, por exemplo, quem havia pegado a fatia mais grossa de torrada no café da manhã. Mas no dia em que me resgatou na piscina, mostrou a força do vínculo que havia entre nós. Nossas diferenças não o impediram de se fazer presente quando eu mais precisei. O amor de meu irmão também é para mim uma ilustração de como Jesus, meu irmão mais velho espiritual, é meu constante apoio na hora da tribulação. Mesmo quando me afasto dEle por causa do meu orgulho e teimosia, e discutimos por causa do Seu jeito de agir em minha vida, Ele não permite que minhas pretensões arrogantes de independência o impeçam de me tomar em Seus braços nos momentos de perigo e estresse. Nossos sentimentos são passageiros; o amor de Deus, não. — C.S. Lewis (1898–1963)
História cortesia da revista Contato; usado com permissão.
Imagem de crianças em primeiro plano desenhado por brgfx / Freepik. Imagem de fundo em domínio público.
Este comic para crianças mais velhas e adolescentes é uma adaptação de Roadmap, uma série de artigos sobre liderança cristã.
Por Elsa Sichrovsky
De um modo geral, eu me considero uma perdoadora, alguém legal. Contudo uma experiência que tive no Ensino Médio pôs esse conceito à prova. Meu colega de sala, Matt e eu trabalhamos juntos em uma apresentação sobre Literatura Inglesa Contemporânea. Matt dificultou as coisas para mim desde o início. Meu jeito exigente e meticuloso de trabalhar entrou em conflito com a maneira mais espontânea com que ele tratava o projeto. Ele raramente era pontual nos encontros e costumava não dar muita atenção aos detalhes. Além de tudo, ele nunca cumpria os prazos do projeto, apesar de minhas constantes mensagens lembrando-lhe de suas obrigações. Faltavam três dias para a apresentação quando vi que ele não havia escrito a conclusão, como havíamos combinado, e eu não conseguia falar com ele. Por fim, Matt fez o upload de uma conclusão feita nas coxas, horas antes do prazo final, pedindo desculpas e explicando que estava ocupado com outro trabalho. Como era de se esperar, nossa apresentação não atendeu às expectativas do professor e enquanto ele enumerava as deficiências do nosso trabalho, eu fervia de raiva do Matt. Ele, contudo, não parecia muito preocupado e um amigo em comum me disse que Matt lhe havia dito ter feito sua parte bem. Como não havia satisfação em tratar mal alguém que não reconhecia seu erro, permaneci cortês e me congratulei por ser tão nobre com alguém que nada merecia. Dois meses depois, em outra turma, fiz uma dupla com Celine para fazer uma apresentação sobre gramática da língua japonesa. Eu pensava que tinha feito o melhor ao meu alcance para me preparar, mas durante a seção de Perguntas e Respostas, vi que meu entendimento de alguns conceitos que apresentei estava completamente errado e, por isso, mais uma vez, a nota foi baixa. Eu esperava que Celine ficasse zangada, pois estava claro para mim que o resultado ruim era culpa minha, mas ela me animou e me ajudou a fazer os ajustes necessários para a versão final. O perdão imediato de minha parceira me fez refletir muito, pois sua reação tinha sido tão diferente da minha, no caso envolvendo Matt.
Fiquei matutando sobre isso por algumas semanas, até que percebi que não havia perdoado meu colega e, por isso, volta e meia fazia comentários maldosos sobre ele. Matt se atrasou e talvez foi até negligente, mas ficou muitíssimo claro que eu também podia cometer erros e prejudicar seriamente uma equipe. Eu me achava tolerante e misericordiosa, mas minha reação com respeito ao Matt mostrou o oposto. Celine me concedeu uma misericórdia que eu não merecia, e o fez com sinceridade e generosidade. Pedi a Deus que essa experiência me tornasse mais amorosa, humilde e generosa, por saber que somos todos humanos sujeitos a falhas que precisam do perdão dos que nos cercam.
Arte © TFI. História da revista Contato; usado com permissão.
Por Elsa Sichrovsky
Vanessa acenou para mim quando as portas fecharam e vi o trem levar embora uma amizade de seis anos. Conhecemo-nos no Ensino Fundamental e nosso interesse comum em escrever histórias e a preferência que compartilhávamos por romances deram início a um relacionamento que resistiu aos altos e baixos de nossos anos de adolescência. Então, ela ganhou uma bolsa de estudo e foi para o exterior, em busca de sua graduação. A mim restou tentar entender como seguir em frente, apesar de sentir que aquela separação tirara o chão de sob meus pés. Obviamente sempre soubemos que um dia nos separaríamos, mas quando aconteceu, fiquei desestruturada. Nas primeiras semanas, a ausência de minha amiga me despertou para a grande dependência que eu tinha dela. Quando estávamos juntas, em vez de eu passar tempo com vários amigos, ficava na zona de segurança com Vanessa e nossos poucos amigos em comum. Era mais fácil adotar as opiniões de alguém agradável e inteligente como ela, em vez de desenvolver as minhas próprias. Sempre segui suas indicações de livros e filmes, por exemplo. Ser tremendamente leal não era uma coisa ruim, mas percebi que eu evitava assumir os riscos pessoais de formar uma convicção própria e traçar meu próprio caminho. Eu também ficava assustada só de pensar na turbulência emocional que seria chegar à idade adulta sem a segurança da validação de minha melhor amiga e do seu apoio emocional. Vanessa e eu mantivemos contato por mais ou menos um ano, mas, aos poucos, fomos nos afastando. Foi triste ver despedaçadas as esperanças de manter nossa amizade. Entretanto, em retrospectiva, é fácil ver que isso deu um novo e importante ímpeto à minha vida. Vi-me forçada a fazer amigos e a me virar sozinha. Não poder pedir a opinião da Vanessa para tudo me obrigou a sondar meu próprio coração e contemplar as questões por mim mesma. Apesar de ter me sentido solitária e abandonada, entendo agora o que Faraaz Kazi escreveu sobre amizade: “Algumas pessoas vão partir, mas esse não é o fim da história. É o fim do capítulo delas na sua história.” Imagem (adaptada) cortesia de Freepik. História da revista Contato; usado com permissão.
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June 2024
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